domingo, 21 de fevereiro de 2016

Rio de Lagrimas (1972)

Rio de Lagrimas

(Letra: Lourival dos Santos/ Música: Tião Carreiro e Piraci / Interpretes: Tião Carreiro & Pardinho)




“O Riiio de Piraaacicaba, vai jôogar agua pra fora...”

Quem nunca ouviu este refrão? Quando eu era criança, pensava que a música se chamava “O Rio de Piracicaba”.

Rio de Lágrimas (o nome correto da música) é considerada um hino não oficial da cidade de Piracicaba. Devido ao sucesso da canção, Tião Carreiro recebeu o título de cidadão Piracicabano, concedido pela Câmara de Vereadores da cidade.

Tião Carreiro
Tião Carreiro (nome artístico de José Dias Nunes) & Pardinho (nome artístico de Antônio Henrique de Lima) se conheceram em 1954, na cidade de Pirajuí-SP (município a cerca de 400km da capital paulista), na época em que o circo que Pardinho trabalhava, passou pela cidade.

Nesta época, Tião Carreiro era conhecido como Zé Mineiro. O nome foi mudado, porque quando chegou à São Paulo, já havia um artista com o mesmo nome. A escolha do nome foi feita por Teddy Vieira, quando a dupla foi contratada pela gravadora Columbia. 

O nome de Pardinho, foi inspirada na canção Ferreirinha. A cidade de Pardinho (município a cerca de 250km da capital paulista), é o local citado na música, onde a história da canção se passa. Como a dupla cantava muita esta moda de viola na época, Tião Carreiro sugeriu o nome.

Pardinho
Apesar do nome, Pardinho nasceu em São Carlos (município a cerca de 240km da capital paulista) em 1932 e faleceu em 2001, aos 69 anos na cidade de Sorocaba. 

Aos 17 anos “seguiu” um circo, onde trabalhou por três anos, até conhecer Tião Carreiro.

A gravação do primeiro disco da dupla foi em 1956.

Nos discos da dupla, a característica principal na escolha do repertório era preparar um lado com músicas românticas e outro com cateretês e pagodes.

Os familiares e amigos diziam que a dupla divergia muito e sempre estavam brigados, porém quando subiam no palco, a combinação era perfeita.

Sobre os Compositores

Lourival dos Santos é considerado um dos maiores compositores da música sertaneja. Segundo especialistas, ele está no mesmo nível de Teddy Vieira (compositor da música Menino da Porteira), José Fortuna (compositor da música Índia), Raul Torres e João Pacifico (compositores da música Cabocla Tereza). Grandes compositores, que tiveram suas histórias já contadas aqui no Baú da Música Sertaneja.

Lourival dos Santos
Ele nasceu em 1917, na cidade de Guaratinguetá (município à cerca de 180km da capital paulista). 

Compôs mais de 1000 canções, muitas delas em parceira com seu amigo Tião Carreiro. Entre elas estão: Pagode em Brasília (em parceria com Teddy Vieira), A coisa tá feia (em parceria com Tião Carreiro), Nove e Nove (em parceria com Teddy Vieira e Tião Carreiro) e A Vaca foi pro brejo (em parceria com Tião Carreiro).

Semialfabetizado, Lourival tinha dificuldades para escrever, então ele compunha de “cabeça” e ditava a letra para sua esposa, que transcrevia para o papel.

Sua primeira música gravada foi a canção Peão Mineiro, pela dupla Lambari (nome artístico de Jesus Luiz Penha) & Laranjinha (nome artístico de João Falacci) em 1942.

Lourival dos Santos faleceu em 1997, aos 80 anos, na cidade de Guarulhos-SP.

Tião Carreiro, nasceu em 1934, na cidade de Montes Claros-MG (município à cerca de 400km da capital Belo Horizonte).

Aos 10 anos se mudou para a cidade de Araçatuba-SP (município à cerca de 500km da capital paulista) e aos 15 anos começou a cantar profissionalmente.

Em 1959, criou um novo ritmo chamado de Pagode Sertanejo. O nome foi dado pelo amigo e parceiro de composições Lourival dos Santos, devido a forma como Tião Carreira “ponteava” a viola, criando um ritmo mais alegre. Segundo os autores, Pagode é como as pessoas que vivem no interior de Minhas Gerais chamavam os “bailes de roça”.

O primeiro pagode foi gravado em 1960, na canção Pagode em Brasilia (composição Lourival dos Santos e Teddy Vieira), em homenagem ao então Presidente de República Juscelino Kubitschek, que inaugurava naquele ano a nova capital do país. Uma curiosidade sobre a música, é a participação de Tião Carreiro na composição da melodia, que a pedido do artista foi excluída do registro do disco. Quando a música fez sucesso, Tião Carreiro teria se arrependido da decisão.

Com seu estilo próprio de tocar viola caipira, é o principal responsável pelo resgate do uso do instrumento e por influenciar diversos músicos a tocá-la. Entre eles Almir Sater.

Tião Carreiro faleceu em 1993, em São Paulo, devido a complicações nos rins, causada pela Diabetes, doença que o artista não sabia que possuía.

Sobre a Música

Além de citar a história do Rio, a música fala de um amor não correspondido. O autor da letra menciona em entrevista, que a musa inspiradora da música é Ana Maria de Andrade Franco, irmã da dupla Craveiro & Cravinho e tia da dupla Cezar e Paulinho.

Segundo Ana Maria, nunca houve um relacionamento entre os dois e o que pode ter ocorrido é um amor platônico por parte do autor. Na época em que a música foi composta, Lourival frequentava a casa de Ana Maria e conhecia sua família.

Quando fez a letra da música, Lourival dos Santos solicitou à Jacó & Jacozinho para colocar a melodia. Eles fizeram a melodia baseado num ritmo chamado de Rasqueado (exemplos de músicas neste ritmo: Trem do Pantanal interpretada por Almir Sater e Fazenda São Francisco, interpretada por João Paulo & Daniel), porém dupla não se identificava com a letra.

Jacó e Jacozinho

Tião Carreiro questionou Lourival se ele tinha a intenção de gravar a música da forma que foi musicada, porque ambos divergiam de como a melodia foi feita. Recebendo a negativa do amigo, Tião pediu a Lourival para fazer uma nova.

Inicialmente, Tião pediu a Serrinha (nome artístico de Antenor Serra, compositor da música Chitãozinho e Xororó), para fazer a melodia, porém não gostou do resultado. Pediu ao compositor Piraci (nome artístico de Miguel Lopes Rodrigues), para fazer uma segunda versão, mas também não ficou do seu agrado. Então, decidiu ele mesmo fazer a composição. 

A composição foi realizada em 1970, porém só foi gravada em 1972, no disco A Força da Paixão, pela gravadora Chanteclair.

Capa do disco A Força do Perdão

A música possui mais de 100 regravações e em 2015, para comemorar os 45 anos de composição, o site de notícias G1 (pertencente a Rede Globo), pediu que músicos da cidade de Piracicaba, produzissem releituras da canção em diferentes estilos musicais: Rock, Rap, Jazz e MPB. O resultado você pode ver clicando aqui.

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Fontes:


  • Wikipedia: Wikipedia.org;
  • G1 – Reportagem sobre os 45 anos de composição da música: g1.globo.com;
  • Programa Viola Minha Viola - Apresentação de Tião Carreiro e Almir Sater – Tv Cultura;
  • Programa Brasil Rural – Tv Bandeirantes;
  • EPTV – Reportagem sobre a história de Tião Carreiro: Rede Globo;
  • Artigo:  22 anos sem o Rei do Pagode Sertanejo, Tião Carreiro – Hits 87FM: http://fmhits.com.br;
  • Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira: http://www.dicionariompb.com.br;
  • Blog Recanto Caipira – Artigo sobre Lourival dos Santos: http://www.recantocaipira.com.br.

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