domingo, 22 de novembro de 2015

Índia (1952)

Índia

(Letra: Manuel Ortiz Guerrero / Música: José Asunción Flores – Versão em Português: José Fortuna / Interpretes: Cascatinha & Inhana)



A história que contaremos aqui vai muito além de informações sobre uma das músicas mais conhecidas no Brasil e no mundo, apresenta três fatos que mudaram o cenário da música sertaneja: Popularizou o gênero musical Guarânia, apresentou ao Brasil uma das duplas mais carismáticas e afinadas do país, Cascatinha & Inhana e deu projeção ao trabalho de um dos maiores (senão o maior) compositor de música sertaneja brasileiro: José Fortuna.

Manuel Ortiz Guerrero
A música Índia escrita por José Fortuna, é a versão brasileira de um sucesso paraguaio, composto originalmente pelo músico José Asunción Flores e o poeta Manuel Ortiz Guerrero, ambos paraguaios.

A canção original fez tanto sucesso, que em 1944, por meio de um decreto do governo, foi oficializada como “Canção Nacional”, uma espécie de hino, que a faz ser reconhecida como parte da cultura popular paraguaia.

Aliás, esta canção foi composta utilizando um gênero muito popular no Paraguai, chamado de Guarânia.



Guarânia, a música que conta a história de um povo
Guarânia é um gênero musical paraguaio, criado por José Asunción Flores, quando realizava experimentações para um arranjo da polca Ma'erápa Reikuaase. Consiste no uso de ritmos e melodias lentas em tons melancólicos. Tem como objetivo, expressar por meio da música o sentimento do povo paraguaio.

José Asunción Flores
As canções deste gênero são tão apreciadas pelas classes mais populares, que são reconhecidas como parte do folclore musical paraguaio.

Acredita-se que o ritmo da Guarânia chegou ao Brasil, por influência dos próprios paraguaios, durante o período conhecido como Ciclo da Erva Mate, período quando o Paraguai (principal produtor), proibiu a exportação do produto para fora do país e o Brasil viu a oportunidade de cultivar a erva e exportar para países vizinhos. 

Neste período, muitos paraguaios se estabeleceram na região de Mato Grosso do Sul em busca de trabalho, devido à proximidade com a fronteira dos dois países.

A Guarânia tornou-se parte da música brasileira, graças ao trabalho de pesquisa realizado pelos compositores Raul Torres, Ariovaldo Pires, Mario Zan e Nhô Pai, que faziam sucessivas viagens ao Paraguai e simpatizavam com o gênero musical. 

Raul Torres é o compositor de uma das Guarânias de maior sucesso no Brasil, a canção “Colcha de Retalhos”, que também foi gravada por Cascatinha & Inhana (conheça mais sobre a história de Raul Torres, lendo sobre a história de outro grande clássico do compositor, “Cabocla Tereza”).

A partir da década de 1940, a Guarânia tornou-se um dos gêneros musicais mais utilizado pelos compositores de música sertaneja no Brasil, como base para suas composições. Mas foi somente nos anos 70 e 80, com o sucesso de Milionário e José Rico, que o gênero se consolidou, pois, a maioria das músicas cantadas pela dupla faziam uso do ritmo.

Além de Milionário e José Rico, durante os anos 80 diversas duplas cantaram Guarânias: Chitãozinho e Xororó, Teodoro & Sampaio, João Mineiro e Marciano e o Trio Parada Dura.

Nos anos 90 e no início dos anos 2000 o gênero foi praticamente abandonado e foi somente no início da década de 2010, que as duplas sertanejas voltaram a incluí-las em seus repertórios, porém muito timidamente. Neste período destacam-se a dupla Victor & Leo que gravou a música “Sem Você” (composição de Victor Chaves) em parceria com a cantora Paula Fernandes, seguido das novas duplas que surgiram desde então como Zé Henrique & Gabriel (música: Peito de Aço), Fred & Gustavo (música: Sem Você Aqui), Israel & Rodolfo (música: Marca Evidente). 

As Guarânias mais populares no Brasil são:

  • Pra não dizer que não falei das flores - Geraldo Vandré;
  • Índia - Cascatinha & Inhana;
  • Colcha de Retalhos – Cascatinha & Inhana;
  • Fio de cabelo - Chitãozinho & Xororó;
  • Galopeira – Donizetti;
  • Nuvem de lágrimas - Fafá de Belém;
  • Cabecinha no ombro - Almir Sater;
  • Meu primeiro amor – Perla;
  • Telefone mudo - Trio Parada Dura;
  • Dama de vermelho - Trio Parada Dura;
  • Entre outras.

José Fortuna, um compositor “antenado” com seu tempo.

Quando José Fortuna fez a versão de Índia, a música sertaneja passava por transformações nos ritmos utilizados. Os compositores, no desejo de ter sua obra lançada e reconhecida, eram influenciados e faziam uso de padrões musicais populares da época em suas composições. É fato que quando um determinado estilo musical se destaca, surgem diversos artistas que tentam “surfar a onda” e quando se destacam, posteriormente, imprimem seu próprio estilo.

José Fortuna
Mas José Fortuna não compôs somente Guarânias, ele possuía muita versatilidade na aplicação de diversos ritmos musicais às suas obras, tais como: Marchas, Rancheiras, Tangos, Maxixes, Sambas-Canção, Corridos, Fox, Valsas e Arrasta-Pés.

O tema principal de suas canções foi a vida rural. Nascido em Itápolis (cidade do estado de São Paulo, localizado a cerca de 370km da capital), José Fortuna começou a escrever seus primeiros versos ainda criança, no chão de terra com um pedaço de madeira, quando acompanhava seu pai em suas andanças pela lavoura.

Teve sua primeira música gravada em 1944, a canção “Moda das Flores”, pela dupla Raul Torres e Florêncio.

Além de compositor, José Fortuna foi ator, autor teatral e cantor. Em 1947, formou dupla com seu irmão Euclides Fortuna, utilizando como nome artístico Zé Fortuna & Pitangueira e se mudaram para a capital paulista.

Entre 1948 e 1973, José Fortuna, Pitangueira e mais um acordeonista (que foram se alternando ao longo do tempo), formaram um trio, Os Maracanãs.

Participaram de inúmeros programas de rádio em São Paulo e no Rio de Janeiro. Os maiores sucessos do trio foram o cateretê “O selo de Sangue” (1956) e a valsa “Lenda da valsa dos noivos”, ambos compostas por Zé Fortuna & Pitangueira.

Fizeram parte do trio os acordeonistas: Coqueirinho (1948-1953), Rosinha (1953-1959) e Zé do Fole (1959-1973).

O trio gravou cerca de 40 LPs e diversos discos de 78 rotações, sendo a maioria das músicas composição dos irmãos Fortuna.

As músicas de José Fortuna faziam sucesso tanto na capital, quanto no interior paulista. Suas canções eram apreciadas por diversos músicos regionais, em especial Francisco da Silva, o Cascatinha.

Os Sabiás do Sertão: Cascatinha & Inhana

Nascido em Araraquara (cidade do interior do estado de São Paulo, localizada a cerca de 300Km da capital), Francisco da Silva, aos 10 anos, mudou-se com toda a família para Marilia (município do interior paulista, que fica a cerca de 240km de Araraquara). Foi nessa época que recebeu o apelido de Cascatinha, porque no intervalo entre as aulas, ele costumava fugir da escola para tomar banho numa queda d’água próxima, que chamavam de Cascatinha.

Quando jovem, depois uma passagem pela profissão de servente de pedreiro, foi admitido por uma banda local como percussionista. Como tinha ouvido apurado para a música, assobiava os sucessos que ouvia na rádio, para que o mestre da banda escrevesse a partitura das músicas.

Cascatinha aprendeu a tocar violão e bateria. Algum tempo depois, ingressou num conjunto musical que se apresentava cantando modinhas e valsas românticas em bailes da cidade.

Em 1937, passou pela cidade de Marilia o Circo Nova Iorque. Nesta época, o circo era o principal meio para a apresentação de artistas. Foi numa destas apresentações que Cascatinha conheceu o cantor Chopp (apelido de Natalício Firmino) e assim, com 18 anos decidiu seguir o circo, sendo admitido como baterista.

A medida que participava das apresentações, Cascatinha foi ganhando confiança e revelando suas qualidades como interprete. Nesta época, decidiu fazer dupla com o cantor Chopp iniciando assim a parceria Chopp & Cascatinha. Aliás, por coincidência, havia na região uma cerveja muito conhecida chamada de Cascatinha, desta forma o nome da dupla passou também a ser uma referência.

Em 1941, o circo Nova Iorque passou pela cidade de Araras (município do interior do Estado de São Paulo, localizada a cerca de 350km de Marilia). Lá, Cascatinha conheceu Ana Eufrosina da Silva, cantora da Jazz-Band de Araras, grupo musical formado por Ana e seus irmãos: Maria das Dores, José do Patrocínio e Luiz Gonzaga.

Foi amor à primeira vista, Ana desfez um noivado de mais de um ano e contra a vontade dos pais “fugiu” com Cascatinha. Do namoro para o casamento levou apenas cinco meses e durou 40 anos.

Cascatinha e Inhana
Em 1942, Cascatinha, Ana e Chopp deixaram o circo Nova Iorque e foram para o Rio de Janeiro, onde formaram um trio chamado de Trio Esmeralda. Cantavam em circos por todo o estado e em programas de calouros, apresentados por Paulo Gracindo e Ary Barroso. Sobreviviam dos prêmios em dinheiro que ganhavam nestes programas e dos caches recebidos nas apresentações realizadas nos circos.

Meses depois o Trio se desfez, após um desentendimento entre Cascatinha e Chopp. Naquele momento Cascatinha e Ana decidiram ser apenas uma dupla. Criaram o apelido Inhana, uma corruptela de Sinhá (palavra que caracterizava um meio respeitoso de se dirigir às senhoras), com a união do nome de Ana, que significa Nhá Ana ou Senhora Ana, apelido muito utilizado no interior, para pessoas que se chamam Ana.

No interior do Estado do Rio de Janeiro, foram contratados pelo circo Estrela Dalva. Fizeram excursões por todo o Brasil.

Em 1948, cansado de tantas andanças, se mudaram para São Paulo. Neste período foram contratados pela Rádio América e posteriormente, em 1950, se transferiram para a Rádio Record, onde permaneceram por 12 anos.

Em 1951, substituíram Raul Torres num show da cidade de Jundiaí (devido à problemas de saúde). O combinado era cantarem apenas uma música, “Ave-Maria no Morro” (composição de Herivelto Martins, gravada em 1942), mas foram tão aplaudidos que saíram somente depois de cantar mais meia dúzia de músicas. 

Sabendo do sucesso do show, Raul Torres convidou Inhana para participar do acompanhamento vocal na gravação de seu disco gravado naquele ano, pela gravadora Todamérica.

Inclusive, auxiliados por Raul Torres, Cascatinha e Inhana gravaram seu primeiro disco em 1951 pela mesma gravadora. O disco era um “78 rotações” que continha as músicas “La paloma” (composição de Iradier e Pedro Almeida) e “Fronteiriça” (composição de José Fortuna).  Aliás, vale ressaltar que José Fortuna era um dos compositores preferidos de Cascatinha.

Na gravação do seu segundo disco, escolheram para o repertório as canções Índia e "Meu Primeiro Amor", ambas versões de músicas populares em seus idiomas originais. Há um fato curioso nesta história, pois o disco com as músicas demorou a sair, porque o Diretor artístico da gravadora, Hernani Dantas não acreditava que uma versão em Português da música fosse fazer sucesso, porque a versão original em espanhol era conhecida demais.



Porém o tempo viria mostrar que Hernani estava enganado e em seu primeiro ano de divulgação, o disco vendeu cerca de 300 mil cópias, um número alto, se considerar que naquela época, a população não possuía tantos aparelhos fonográficos. Desde de seu lançamento até meados dos anos 90, a gravação vendeu mais de 3 milhões de discos.

A dupla foi muito premiada ao longo dos anos 50, receberam diversas condecorações:
  • Três troféus Roquette Pinto (Premiação concedido pela AFEU- Associação Dos Funcionários das Emissoras Unidas - rádios Bandeirantes, Record Pan-Americana e São Paulo);
  • Medalha de ouro da revista “Equipe”, onde foram apelidados de “Os Sabiás do Sertão”, devido aos seus recursos vocais e as nuances que desenvolviam na interpretação das músicas.
  • Disco de ouro pela vendagem de mais de 100.000 cópias.
Em 1959 gravaram outro de seus grandes sucessos, a música “Colcha de Retalhos” (Guarania composta por Raul Torres). Neste mesmo ano, Cascatinha foi promovido à Diretor Artístico da gravadora Todamérica, onde descobriu e lançou duplas famosas como Nonô & Naná e Zilo & Zalo.

Em toda a carreira, a dupla lançou 34 discos 78 rotações e cerca de 30 LPs. Entre seus grandes sucessos, destacam-se as canções: Índia, "Meu Primeiro Amor", Solidão, Anahi, Guarcyra, "Quero Beijar-te as mãos", "O menino e o circo", "Flor do Cafezal", "Chuá Chuá", "Colcha de Retalhos" e "Serra da boa esperança".

Permaneceram ativos e gravando regularmente até a morte de Inhana em junho de 1981, vítima de um mal súbito, quando se preparava para as comemorações de 40 anos de seu casamento com Cascatinha.

Cascatinha continuou a carreira de cantor, se apresentando sozinho em cidades do interior de São Paulo. Faleceu em 1996, vítima de cirrose hepática.

O legado de José Fortuna

Em 40 anos de carreira, José Fortuna compôs e gravou cerca de 2000 músicas. É o autor brasileiro com o maior número de músicas gravadas.

Além de Cascatinha & Inhana, suas músicas foram grandes sucessos nas vozes de inúmeros interpretes. Entre elas estão: "Berrante de Ouro" (Duduca e Dalvan – Ano:1980), "O Vai e Vem do Carreiro" (Carlos Cezar e Cristiano – Ano:1981), "Cheiro de Relva" (Dino Franco & Mourai – Ano:1983), "O Ipê e o Prisioneiro" (Liu e Leo – Ano:1983), "Terra Tombada" (Chitãozinho e Xororó – Ano:1986), entre outras.

A música Índia foi regravada inúmeras vezes, não só por cantores sertanejos, mas também por inúmeros interpretes da MPB, como Agnaldo Timóteo, Ângela Maria, Nara Leão, Caetano Veloso, Maria Bethânia e Gal Costa. Em 2006, a música Índia foi regravada por Roberto Carlos como tema do personagem Serena, interpretado por Priscila Fantin, na novela Alma Gêmea, escrita por Walcyr Carrasco.

José Fortuna faleceu em novembro de 1983, vítima de doença de chagas. 


Fontes:


  • www.wikipedia.org
  • http://blognejo.com.br/
  • http://www.josefortuna.com.br/
  • http://www.recantocaipira.com.br/
  • Site: Saudade-Da-Minha-Terra - http://saudade.netlivre.org/
  • Site: http://www.recantocaipira.com.br/
  • Site: maps.google.com
  • Site: museudatv.com.br
  • Site: http://www.boamusicaricardinho.com – Seção Compositores e Poetas da música caipira de raiz
  • Entrevista: Cascatinha & Inhana – Programa Viola minha Viola – Jul/1980
  • Programa Dois Diretores em Cena – Rádio Jovem Pan – Fev/2012
  • Trabalho de Dissertação. Entre modas e Guarânia: A produção musical de José Fortuna e seu tempo (1950-1980) – Jaqueline Souza Gutemberg – Uberlandia – 2013.

 



sábado, 17 de outubro de 2015

Cabocla Tereza (1944)

CABOCLA TEREZA

(Letra: João Pacifico / Música: Raul Torres / Interprete: Raul Torres & Florêncio)




Cabocla Tereza é uma daquelas obras únicas e atemporais, que revolucionaram a forma como as composições eram realizadas e inspiraram toda uma geração de artistas.

Superou todas as limitações técnicas da época e tornou-se um dos clássicos da música sertaneja. Atualmente é impossível calcular quantas vezes esta música foi regravada.

Conheça agora a história desta composição, que pela primeira vez teve uma vítima em uma música, a morte da personagem principal.

Vida e obra de uma cabocla

O ritmo apresentado na música é chamado de “Toada Histórica” e tem como princípio a maneira de contar uma história declamando versos, dentro de uma música.

Este ritmo foi criado por João Pacifico e apresentado pela primeira vez na música Chico Mulato em 1937. A música Cabocla Tereza foi a segunda música a ser gravada, fazendo uso desse recurso.

Mas qual o segredo desta canção? O que faz ela ser tão adorada pelas pessoas?

João Pacifico
Segundo o compositor da letra, João Pacifico, ele acredita que os sucessos de suas toadas estão no fato de que as pessoas que ouvem suas obras gostam de ouvir histórias. Mas não podem ser histórias vazias, elas devem ser completas, com começo, meio e fim, num formato de folhetim, quase como uma notícia de Jornal.

João percebeu isso quase que sem querer, apenas pela observação da aceitação que o público tinha sobre sua música e a partir de então passou a utilizar este método como formula para todas as suas composições.

Porém, devido a limitações técnicas, quase não teríamos registro histórico sobre esta nova forma de se fazer música.

A tecnologia utilizada para a gravação de discos entre 1913 e 1950 era o formato conhecido como 78 rotações, que tinha este nome porque indicava a quantidade de voltas que o disco dá em um minuto. Passou a ser utilizado como padrão de mídia, em vitrolas movidas a manivela. A capacidade de armazenamento da mídia era cerca de 3 minutos em cada lado do disco.

Ambas as músicas originalmente tinham mais do que três minutos, então coube a um grande visionário viabilizar o meio para que esta obra fosse registrada.

O presidente da gravadora RCA Victor no Brasil, Sr. Evans, gostou tanto do novo ritmo que tratou de dar um jeito para fazer a música caber no formato.  Cortou parte da orquestração aqui, apertou um pouquinho ali até que a música coubesse toda de um lado do disco e ainda incentivou João Pacifico a escrever novas músicas no mesmo estilo.

Quem são os compositores

A música Cabocla Tereza foi composta por João Pacifico (Letra) e Raul Torres (Música).

João Pacifico é o nome artístico de João Baptista da Silva. Nasceu em Cordeirópolis, interior do estado de São Paulo, no dia 05 de agosto de 1909.

Teve seu primeiro contato com música ainda criança, quando morando em Limeira-SP, viu a apresentação de um grupo de teatro de revista e se encantou pela bateria que era tocada pela banda. Depois de muito insistir, conseguiu algumas lições de como tocar o instrumento com os artistas.

Mas a paixão de João era escrever versos, onde conseguia revelar sua alma cabocla.

Aos dez anos, mudou-se para Campinas-SP, quando sua mãe foi trabalhar na casa de Ana Gomes, irmã do maestro Carlos Gomes. Neste período passou a ter contato com músicos da cidade grande.

Raul Torres é o nome artístico de Raul Montes Torres. Nasceu em Botucatu, interior do estado de São Paulo, no dia 11 julho de 1906.

Começou a carreira como cantor em sua cidade natal, cantando músicas caipiras em festas.

Raul Torres
Raul Torres começou a cantar profissionalmente a partir dos anos 20, quando se mudou para São Paulo. Na capital paulista fez parte de um grupo chamado Turunas Paulistas, cantando Sambas e Emboladas (ritmo parecido com o “repente” que teve origem no nordeste brasileiro).

Foi somente em 1927 que se dedicou a tocar modas de viola, quando foi contratado pela rádio Educadora de São Paulo.

Raul Torres também compôs músicas de forma independente, que hoje são considerados clássicos da música sertaneja. Entre elas destaca-se Saudades de Matão (o compositor colocou a letra sobre um ritmo de valsa chamada Francana, de composição do Maestro Jorge Galati e executada com muito sucesso nas rádios).

João Pacifico foi apresentado à Raul Torres por meio do escritor e poeta modernista Guilherme de Almeida.

Vivendo em campinas, João trabalhava como ajudante de lava pratos no carro restaurante da Cia Paulista de Estrada de Ferro. 

Todos na companhia conheciam a fama que João tinha de poeta e escritor de versos. Certa vez, o cozinheiro pediu que João lhe desse alguns versos que havia escrito, pois entregaria à Guilherme de Almeida, que era viajante frequente e estava a bordo do trem.

O escritor gostou do que leu e mandou entregar a João um cartão de visitas, pedindo que o procurasse na Rádio Cruzeiro do Sul em São Paulo, onde era Diretor.

Guilherme de Almeida
João Pacifico então se dirigiu à rádio e foi recepcionado pelo próprio Guilherme de Almeida, que o apresentou à Paraguassú (nome artístico de Roque Ricciardi), um dos cantores paulistas de maior cartaz na época.

João mostrou a Paraguassu uma canção em ritmo de embolada que havia escrito, chamada “Seu João Nogueira”. Paraguassu não se interessou pela música, alegando não ser o tipo de canção que se adequasse ao estilo que cantava e sugeriu que procurasse Raul Torres, cantor e apresentador de programas na rádio que tinha gravado emboladas no início da carreira. Raul gostou do que viu e gravou a canção em janeiro de 1935 pela gravadora Odeon.

A partir daquele momento teve início a carreira artística de João Pacifico. Após a gravação deste disco, passou a escrever e a gravar outras músicas, inclusive em outros ritmos, como marchinhas e valsas.

Fatos que marcaram a carreira dos artistas

A fama de João Pacifico como compositor chegou ao conhecimento de Diogo Mulero (cantor Palmeira), Diretor na gravadora RCA Victor, que o contratou para trabalhar na gravadora. Neste mesmo período, contrataram também Raul Torres.

A primeira música de João Pacifico gravada pela RCA Victor foi Chico Mulato. Há uma curiosidade nesta gravação, pois naquela época, Raul Torres fazia dupla com o sobrinho Serrinha, que teve um problema com a voz. Coube a próprio João Pacifico cantar a música, em conjunto com Raul Torres.

Raul Torres tinha muita simpatia por João Pacifico e gostava do material produzido pelo compositor. Escreveram cerca de 40 músicas em parceria, como por exemplo “Pingo D’agua”.

A dupla Raul Torres e Florência teve início em 1942 e durou até 1970, sendo uma das mais duradouras e influentes da música sertaneja. Juntos a dupla gravou mais de 40 discos (somando 78 rotações e LPs).

Raul Torres, Florêncio e João Pacifico

Florêncio (nome artístico de João Baptista Pinto) era natural de Barretos, interior do estado de São Paulo. Ele era farmacêutico e tentava compartilhar a carreira de cantor com a profissão, porém devido à popularidade que vinha alcançando ao se apresentar em rádios da capital e do interior, decidiu se dedicar integralmente à carreira artística.

Em 1945, Torres e Florência obtiveram talvez seu maior sucesso com a moda-de-viola a canção A moda da mula preta, também de Raul Torres e João Pacífico, incluída até hoje entre os clássicos da música caipira.

A dupla Torres e Florêncio foi quem imprimiu um estilo de canto com duas vozes mais médias e que mais influenciou outras duplas até o surgimento de Tonico e Tinoco, que se apresentavam com um canto mais agudo.

A dupla se desfez em 1970, quando ambos vieram a falecer.

Em Botucatu, foi erguido um monumento na Praça Comendador Emilio Pedutti (a praça do bosque), marco zero do município em homenagem a Raul Torres.

Monumento à Raul Torres na praça do Bosque em Botucatu-SP

Florêncio foi uma das principais influências do violeiro e cantor Tião Carreiro.

João Pacifico faleceu em 1998, na cidade de Guararema.

Em sua cidade natal, Cordeirópolis, em homenagens a João Pacifico, foram criadas a “Casa da Cultura João Pacifico” e a “Medalha João Pacifico”, instituída pela Câmara Municipal e dada a Personalidades.

Em Guararema, instituiu-se a “Semana João Pacifico”, em homenagem ao poeta.


Fontes:
  • Programa Viola minha Viola – Participação de Adauto Santos, João Pacifico, Nonô Basilio. Apresentação de Moraes Sarmento – Tv Cultura – Mai/1980
  • Artigo: Breve música da indústria da Música no Brasil – Site: http://www.musicaltda.com.br – Mai/2014
  • Artigo: Entenda os termos mais usados no mundo dos discos de vinil – www.somvinil.com.br – Jan/2011
  • Livro: E o Rádio? Novos Horizontes Midiáticos – Luiz Arthur Ferraretto e Luciano klöckner – EdiPUC - 2010
  • Blog: Museu da Canção – Cabocla Tereza – Nov/2012
  • Artigo: Biografia de Raul Torres e Florêncio – www.letras.com.br.
  • Artigo: Florêncio – Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira - www.dicionariombp.com.br
  • Artigo: Homenagem a João Pacifico, o Poeta do Sertão – Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo – http://www.al.sp.gov.br - Ago/2009
  • Programa Ensaio – Entrevista com João Pacifico – Tv Cultura – 1991.
  • Blog: PRB6 – Rádio Piratininga – Artigo sobre a Rádio Cruzeiro do Sul – Out/2010 - http://radiopiratininga.blogspot.com.br
  • Artigo: Moda de Viola Homenageia  João Pacifico – São Carlos Agora – www.saocarlosagora.com.br – Out/2015


sábado, 10 de outubro de 2015

Menino da Porteira (1973)

MENINO DA PORTEIRA

(Letra: Teddy Vieira / Música: Luizinho / Interprete: Sérgio Reis)




Originalmente, a música “Menino da Porteira” foi gravada em 1955, pelo trio Luizinho, Limeira e Zezinha. Mas o objetivo deste texto é apresentar o que uma música bem-feita, com uma estória consistente pode fazer na vida de um compositor e um cantor.

O artigo de hoje conta a história da regravação de um clássico, que dezoito anos depois de sua primeira gravação, causou um impacto enorme na carreira de dois grandes artistas brasileiros, o compositor Teddy Vieira e o cantor Sérgio Reis.

Quem foi Teddy Vieira?

Teddy Vieira nasceu em 1922 na cidade de Itapetininga (região de Sorocaba) no interior do estado de São Paulo.

Teddy Vieira
De família de padrão social razoável, estudou o primário em sua cidade natal e seguiu para São Paulo para concluir seus estudos. Se formou em administração e chegou a ocupar o cargo de Diretor de Finanças da Prefeitura de São Paulo, equivalente ao atual Secretário da Fazenda, que é responsável pelas finanças do município.

Teddy Vieira de Azevedo se tornou compositor por acaso, pois era totalmente autodidata em se tratando de conhecimento musical.

Começou a escrever seus versos caipiras aos 18 anos e aos 23 anos teve suas duas primeiras canções gravadas, “Preto de alma Branca” e “João-de-Barro”.

As letras das músicas de Teddy Vieira sempre tinham um fundo de moral, pois procurava transmitir a importância do trabalho e ensinamentos. Por meio de fábulas, retratava situações para fazerem as pessoas refletirem, com o objetivo de pregar bons exemplos.

Muito observador e apaixonado pelo universo rural, incluiu em suas canções os cenários tomados de rebanhos de gado, peões e outros personagens em canções antológicas.

Além da música “Menino da Porteira” que o consagrou como compositor, Teddy Vieira também compôs as músicas “A Caneta e a Enxada” (em parceria com Capitão Barduino e sucesso nas vozes de Zico e Zeca - 1956), “Boiadeiro Errante” (sucesso nas vozes de Liu e Leo – 1959), “Pagode em Brasília” (em parceria com Lourival dos Santos e sucesso nas vozes de Tião Carreiro e Pardinho - 1961), “Rei do Gado” (sucesso nas vozes de Tião Carreiro e Pardinho - 1961), e outras 300 músicas sobre o tema caipira.

Teddy Vieira

Apesar de Teddy ter escrito muitas músicas em parceria, segundo os amigos mais próximos, ele teria cedido coautoria para ajudar um ou outro amigo.

Além de compositor, Teddy Vieira era um grande violeiro. O som de viola, na introdução da música “Menino da Porteira” gravada em 1955, foi tocada por ele.

Em meados dos anos 50 e início dos anos 60, Teddy Vieira foi Diretor do Departamento de Música Sertaneja nas gravadoras Columbia e RCA Victor. Neste período lançou grandes artistas, entre eles Tião Carreiro.

O menino da Porteira

A inspiração para a letra da música veio das viagens que Teddy fazia para Andradas, no sul de Minas Gerais, próximo à cidade de Ouro Fino. O objetivo era encontrar a então namorada América Rizzo, que viria se casar anos depois.

América Rizzo e Teddy Vieira
O percurso era feito por estradas de terra e muito destes caminhos passavam por dentro de fazendas e sítios. Para cruzar entre uma propriedade e outra haviam portões de madeira chamados de “porteira”. Estas porteiras existem até hoje, porém atualmente são usadas somente para tráfego de animais. Porque nas estradas rurais, na divisa entre uma propriedade e outra foram colocados mata-burros, que facilitam o trânsito de veículos e pessoas, porém impede que os animais atravessem de uma propriedade para outra.

Foto de um Mata-Burro
Numa dessas travessias, já incomodado pelo calor que fazia e pela necessidade de abrir e fechar porteiras, quando se aproximou de uma propriedade, Teddy observou que um menino vinha correndo em sua direção. O garoto abriu e fechou a porteira assim que ele passou. Agradecido, Teddy pegou uma moeda no bolso e lançou em direção à criança. O garoto agradeceu e continuou seus afazeres.

Teddy ficou pensando naquela cena e logo imaginou uma história, que poderia se transformar numa música. Diferente do que muitos pensam, com exceção do menino que abre a porteira, os fatos contados na música não são reais.

Johnny Johnson, do mundo para o Brasil

Houve uma época na história da música Brasileira, que para fazer sucesso, o cantor tinha que cantar em inglês e principalmente ter um nome artístico em inglês.

Diversos artistas que hoje são sucesso no Brasil passaram por esta situação. Entre eles, destacam-se Mark Davis (Fábio Junior), Don Elliot (O Ralf da dupla Christian e Ralf), Morris Albert (Maurício Alberto Kaisermann), cantor e compositor da balada romântica Fellings (gravada em 1975) e Johnny Johnson, nome artístico adotado por Sérgio Reis no início da carreira.

Sérgio Reis
A mudança do nome de Sergio ocorreu em 1958, quando descoberto por Tony Campello (cantor, produtor musical e irmão da cantora Celly Campello, precursora do rock no Brasil, quando gravou em 1959 a versão em português da música “Estupido Cupido”), foi recomendado para uma entrevista na gravadora RCA Victor. 

O executivo da gravadora, Diogo Mulero (o cantor Palmeira), não gostou do nome Johnny Johnson, e quis saber seu nome de batismo, porém ao ouvir do cantor o nome Sergio Bavini (herança do pai italiano), sugeriu que ele encontrasse um outro nome. Foi então que se lembrou do sobrenome da mãe, “Reis”. Que tal Sergio Reis? Disse o cantor. O executivo testou a sonoridade do nome e achou bom, mas antes, quis saber a opinião de outro executivo da gravadora que estava presente, Teddy Vieira, que concordou com o nome.

O estilo musical seguido por Sergio Reis no início da carreira era o romântico. Foi inspirado pelo pai e pelos tios que eram cantores de serestas e suas principais referências eram Carlos Galhardo, Orlando Silva e Nelson Gonçalves. Se apresentava em bares e boates.

Nos anos 60, se tornou ídolo do movimento da Jovem Guarda, quando gravou a música “Coração de Papel”, escrita por ele mesmo.

Sergio Reis também é compositor e entre os anos 60 e 70 compôs músicas para os cantores Deno e Dino, Os Vips, Golden Boys, Clara Nunes, entre outros.

Porém com o fim do programa Jovem Guarda, Sergio Reis desapareceu da mídia, não era mais convidado a participar de programas de televisão ou de rádio. Porém continuava fazendo seus shows.

Os primeiros passos cantando Música Sertaneja

Em 1972 Sérgio Reis gravou a música “Menino da Gaita” uma versão escrita por ele da música “El Chico D' El Armônica”, composta por Fernando Arbex.

Decidido a voltar à mídia, criou o áudio de uma propaganda de cerca de 15 segundos divulgando o novo disco e foi até o departamento comercial da rádio Tupi (uma das grandes emissoras de rádio da época) e com a ajuda da gravadora adquiriu um pacote de inserções em programas de sucessos da emissora. Em um mês, incentivado pela propaganda, a música se tornou um sucesso, pois era veiculado várias vezes ao dia, a pedido dos fãs.

Com o sucesso da música "Menino da Gaita", a procura por shows aumentou.

Uma destas contratações foi para se apresentar em um baile de debutantes em Tupaciguara-MG, cidade que fica a cerca de 70km de Uberlândia e terra natal da cantora Nalva Aguiar.  Eram cerca de 2000 debutantes que viviam na própria Tupaciguara e em cidades da região.

Tony Campelo
Ao término da sua apresentação, Sergio ficou ali nos bastidores, quando a banda contratada para o evento começou a tocar a música "Menino da Porteira". A comoção foi geral, todos os presentes cantavam junto e aplaudiam os músicos. Até então, Sergio não conhecia a música e ficou intrigado com a reação do público. 

Chegando a São Paulo, Sérgio procurou seu produtor, Tony Campello e disse a ele que havia encontrado um sucesso para o novo disco. O cantor foi incentivado pelo produtor a tentar, porém estava inseguro, porque seria uma mudança de estilo, nunca havia gravado uma música sertaneja e até aquele momento era conhecido por ser um cantor romântico.

Sérgio Reis foi orientado por Tony a fazer como Wilson Simonal, um dos grandes “Showman” do Brasil, que teve o auge de seu sucesso nos anos 60. Ele cantava as músicas preparadas para o repertório do próximo disco em seus shows e depois decidia se gravava ou não, de acordo com a reação da plateia.
Wilson Simonal

O local escolhido para a primeira apresentação da música foi a boate “Cafona” em Goiânia-GO (capital do estado), que apesar do nome, tinha grande prestigio na cidade e sempre contava com grandes números musicais. A apresentação foi um sucesso, as pessoas aplaudiam e pediam que repetisse.

Teste feito, Sérgio Reis gravou a música no disco que seria lançado em 1973. Começava ali a carreira de Sergio Reis como interprete de música sertaneja.

A repercussão foi tão grande que em pouco tempo tornou-se um grande sucesso. Nesta época músicas sertanejas não eram tocadas em rádios FM, porém em algumas cidades do interior era possível ouvir "Menino da Porteira" na voz de Sergio Reis.

Com o sucesso da música, em 1976, a história cantada se transformou em filme nas mãos do diretor de cinema Jeremias Moreira Filho. O próprio Sergio Reis foi convidado para ser protagonista, onde interpretou o peão de boiadeiro Diogo. Em 2009, foi produzido um remake do filme, dirigido pelo próprio Jeremias Moreira Filho, com o cantor Daniel no papel de Diogo.

Depois do Sucesso de Menino da Porteira, no disco seguinte, Sérgio gravou outro sucesso de Teddy Vieira, “João-de-Barro”, alcançando outro enorme sucesso.

Sérgio Reis
Em 1975 se consolidou como cantor de músicas sertanejas, quando gravou o disco Saudade de Minha Terra, onde interpretou a música tema do disco (composição de Goiá) além dos clássicos como "Chico Mineiro" (composição de Tonico & Tinoco), "Chalana" (composição de Mario Zan), "Cavalo Preto" (composição de Anacleto Rosas Jr), entre outras.

O que aconteceu depois?

Teddy Vieira morreu em 1965, vítima de um trágico acidente automobilístico na Rodovia Raposo Tavares, na região de Sarapuí e não viveu para ver sua obra ser redescoberta pelo grande público.

Até o ano de gravação de Menino da Porteira, a obra de Teddy Vieira vivia um pouco esquecida, inclusive a família de Teddy (a esposa e filho) viveu um período de dificuldades financeiras. 

A família de Teddy Vieira presenteou Sergio Reis com a viola que Teddy compôs a maioria de seus sucessos, em agradecimento por ter regravado suas músicas, pois foi com os recursos angariados com os direitos autorais que a viúva pode dar uma vida digna ao filho.

Em 2015, a prefeitura de Itapetininga ergueu uma estátua no centro da cidade, em homenagem ao compositor Teddy Vieira

Estátua em homenagem a Teddy Vieira - Itapetininga-SP

Sergio Reis também se destacou como ator. Atuou em cinco telenovelas: Paraiso (1982 - Rede globo), Pantanal (1990 – Rede Manchete), A História de Ana Raio e Zé Trovão (1990 – Rede Manchete), O Rei do Gado (1996 – Rede Globo) e Bicho do Mato (2006 – Rede Record), sempre representando figuras sertanejas.

Sergio Reis foi indicado a cinco prêmios Grammy Latino, na categoria Melhor Álbum de Música Sertaneja. Com três prêmios conquistados, é o maior vencedor nesta categoria.

Em 2014, Sergio Reis foi eleito deputado federal pelo estado de São Paulo, com 45.300 votos.

Sérgio Reis sendo diplomado como Deputado Federal

Aos 75 anos, Sergio Reis continua firme na carreira, fazendo cerca de 16 shows por mês. Seu mais recente trabalho foi a gravação de um CD/DVD chamado Amizade Sincera, em parceria com seu amigo Renato Teixeira. Por este trabalho, foi premiado em 2015 com um Disco de Ouro, pela vendagem obtida.

Renato Teixeira e Sérgio Reis na gravação do DVD Amizade Sincera

Fontes:

  • Programa Prieto Jr – Entrevista com Sérgio Reis – Jan/2012;
  • Menino da Porteira – Mai/2015;
  • Programa Moda de Viola – Especial Teddy Vieira – TVE São Carlos – Jun/2015;
  • Wikipedia.org.br;
  • G1 – Matéria: Autor de 'O Menino da Porteira' ganha estátua após 50 anos de morte – Mai/2015;
  • Jornal Cruzeiro do Sul – Materia: Autor de "O Menino da Porteira" é de Itapetininga – Ago/2012;
  • Blog – Boa Música Ricardinho – Artigo sobre Sérgio Reis – www.boamusicaricardinho.com.br;
  • Blog – Recanto Caipira - http://www.recantocaipira.com.br;
  • Fantástico – Quadro Bem Sertanejo apresentado por Michel Teló – Rede Globo – Nov/2014.